Redijo esta postagem para nosso blog num momento de incertezas extremas e sobressalto. Notícias ruins e boas não duram minutos, interpretações sobre curvas e estatísticas, notícias sobre tratamentos e falhas. Instabilidade na produção de cenários futuros, incertezas diante de uma ameaça inédita: o Covid-19. Retrocedendo ao início do último trimestre de 2019, quem poderia imaginar a atual situação vivida em todo o mundo? Diante disto, falar sobre Estratégia e informações pode parecer incoerente, mas é neste exato momento que esta conexão conceitual, de total aplicação prática, faz muito sentido.
O turbilhão de mensagens, imagens, gráficos, constatações, notícias (algumas falsas) é um dos fatores neste momento. De outro lado, temos a necessidade de avaliar o que faremos adiante. E os negócios são uma parte – mais que nunca devidamente relativizada – das nossas vidas. Como “negócios”, relacionamos não apenas aos ganhos financeiros, do mercado aberto, que é fator e contexto essencial, sem qualquer dúvida. Mas, agora, temos também as negociações em curso no encargo de autoridades públicas, com destaque à emergência e risco, como os profissionais de saúde – a quem sempre agradecemos – e instituições, ONGs, que promovem a capacidade de reação à pandemia. Negociações que, por vezes, alcançam a gestão da admissão em unidades de terapia intensiva, a administração ainda incerta de medicamentos, do acerto de procedimentos de risco…
O outro fator é, portanto, a reabertura dos negócios “de mercado”. Como ocorrerá? Será que ocorrerá? Quando? Difícil predizer. Ocorre-me lembrar, sem precisar o título, uma cena de um filme que vi a algum tempo, onde, numa cidade em escombros, após o cessar fogo de uma guerra, um comerciante busca remontar sua pequena loja, que encerrava não só a oportunidade do ganho, do consumo, mas mesmo de sua identidade social naquela comunidade. Era sua mensagem, sua concepção de serviço prestado.
Nos escombros de uma crise global, de incertezas, o pensamento estratégico é mais vital que nunca. Pensar estrategicamente, neste momento, é revisar (claro, com muita dramaticidade) os nossos pensamentos adiante, rever os cenários projetados anteriormente, num outro momento. Prever para onde nossas empresas, empreendimentos e trabalhos possam evoluir, reabrir, ou, infelizmente, serem encerrados. O que faremos adiante?
Pensar estrategicamente é usar o conhecimento da Estratégia e nossas habilidades de ler e avaliar contextos, compondo cenários futuros possíveis e com associação aos riscos em cada caso. No momento, não existe caminho sem grande quantidade de riscos. Ainda a desenvolver, considerar. Mas, chamamos sua atenção, para o fato que a descrição destes pontos de possível alcance no futuro, para os quais os níveis de risco são pontos especiais de atenção, é parte de um processo – o processo de planejamento estratégico, que permanece crítico, de essencial domínio por todos os que trabalham.
Este artigo, portanto, não chama sua atenção para os pontos a alcançar, primeiramente, mas para o processo de calcular, avaliar, relacionar e contextualizar estes pontos de potencial alcance, mesmo sua composição, mas o principal: o processo de planejamento.
Este processo sempre foi beneficiado em como sua empresa, organização ou mesmo você, como trabalhador, analisa os contextos externo, interno e sua disponibilidade de recursos. Como elabora os cenários possíveis de chegada, por determinados períodos e, de maneira relevante, como associa fatores de reavaliação, como o consumo dos recursos e os riscos associados a cada alternativa. Estes estudos, sem qualquer dúvida, se tornam mais precisos e mais adequados para a gestão quando sabemos gerir estrategicamente nossas informações.
Já tivemos a oportunidade de discutir a gestão da informação em outra postagem, para a qual convido o leitor à consulta, aqui mesmo no blog. Em nosso caso, vamos verificar um pequeno exercício de aplicação destes processos que lidam com informações organizacionais, destacando que este texto é redigido em momento de grande e inédita incerteza, por isto algumas das seguintes afirmações podem não fazer qualquer sentido em futuro próximo (claro, algumas até ensejamos mesmo que nunca se tornem realidade!).
Diante da progressão da pandemia, um aspecto essencial é considerar a confiabilidade de fontes de informação. Para o planejamento, diante do turbilhão de fontes, de citações, opiniões e interpretações e mesmo da produção das “fake”, falsas, é essencial estabelecer sua relação de confiança. Do pondo de vista da gestão, isso pode ser feito com a definição de um critério: peso institucional, marca, frequência de emissão de resultados, acertos anteriores, conhecimento sobre os temas, autoria clara, transparência e objetividade seriam alguns dos critérios para classificar uma fonte, apenas alguns.
Os fluxos de informação são outro ponto a considerar com cautela: como estas informações são tratadas? Uma simples composição de gráfico “dias de isolamento social x perspectiva de recessão x contaminações por convívio” pode nos trazer conclusões diversas, além de ser muito dependente de uso de escalas, de prazo de coleta dos dados, de (novamente) fontes confiáveis, entre outros pontos. Mais um aspecto necessário de ser avaliado em termos da gestão das informações.
Nesta primeira discussão, a criação dos cenários estratégicos estabelece parâmetros e fatores a serem acompanhados, os “indicadores”, que são construídos a partir de informações e, por fim, são novas informações a serem geridas. A interpretação destes indicadores pode qualificar a piora do cenário competitivo (o tal caso que não desejamos que seja real, porém é possível), a manutenção indefinida (de extremo desgaste) ou a melhora (ensejamos a vitória da Ciência!). Qual caminho a seguir? Como avaliar se este caminho permite o desenvolvimento futuro? Quais outros recursos podem ser necessários? Quais os riscos a considerar? Todas estas questões podem ser respondidas com auxílio de um processo gestão estratégica de informações.
Faremos nova abordagem, a seguir, destacando outros aspectos de como a gestão da informação pode lhe permitir “reabrir as portas” de seu empreendedorismo, social, individual, corporativo, de mercado, com maior perspectiva de gestão. Por agora, ficar isolado é a nossa obrigação nesta luta!
Autor: George Jamil